Encontro com fãs

Há dez anos, quando a musa “teen” Thalita Rebouças esteve na Bienal do Livro pela primeira vez como escritora, passou totalmente despercebida pelo público. Naquele dia, cansada de ser ignorada, ela decidiu deixar de lado a timidez e fez de tudo para chamar a atenção de quem circulava pela feira de livros: subiu em cima da cadeira, gritou e colocou até uma peruca rosa para ser notada. Na época, sonhava ver seu trabalho reconhecido e até distribuir autógrafos, sem imaginar que isso pudesse de fato acontecer um dia. Nesta quarta-feira, porém, quando esteve pela primeira vez como convidada da programação oficial da Bienal, a escritora, hoje consagrada, reuniu cerca de 400 pessoas para um bate-papo no Conexão Jovem, mediado por Celina Portocarrero. Além da plateia lotada, uma multidão esperava Thalita do lado de fora do auditório.

– É muito louco pensar que quando comecei, neste mesmo Riocentro, fiquei cerca de uma hora invisível, até que, finalmente, alguém chegou para falar comigo. “Moça, onde é o banheiro? Estou muito apertada!” – lembrou a escritora, aos risos.

Na época, Thalita não escondeu a decepção.  E não deixou de se admirar ao constatar a quantidade de fãs que tem hoje.

– Nunca imaginei chegar aqui  e ver essa plateia lotada, um monte de gente querendo conversar comigo. Não poderia imaginar sequer alcançar a marca de um milhão de livros vendidos. Nunca pensei que fosse ter um fã-clube. Aliás, nem sabia que escritor tinha fã-clube. Hoje, eu tenho. Sou muito feliz por tudo isso. Adoro vocês – continuou, emocionada.

Questionada por uma fã mirim sobre por que começou a escrever, Thalita disse que sempre gostou de criar histórias, mas como jornalista, jamais poderia inventar personagens. Foi então que decidiu viver de literatura: tem 12 livros publicados (a maioria pela editora Rocco). Entre eles, “Era uma vez minha primeira vez” e “Tudo por um popstar” vão virar peça de teatro em breve, enquanto “Tudo por um namorado” será adaptado para o cinema. No encontro, a jornalista de formação revelou suas fontes de inspiração.

– Meus grandes exemplos são João Ubaldo Ribeiro, Fernando Sabino e Luís Fernando Verissimo. As crônicas deles são maravilhosas. Gosto do texto deles e do humor com que escrevem – contou ela, que, na adolescência, tinha como livro favorito “Feliz ano velho”, de Marcelo Rubens Paiva.

Sobre seu processo de criação, Thalita contou que costuma observar situações de seu próprio dia-a-dia, além de conversar muito com familiares e amigos que têm filhos pré-adolescentes. Adepta das redes sociais, a escritora usa o Twitter, onde tem mais de 150 mil seguidores, como ferramenta de pesquisa para seus livros.

Thalita ainda deu algumas dicas para quem deseja ser escritor.

– Leiam bastante, porque quem lê escreve muito melhor, tem noções gramaticais e de ortografia muito melhores e conhece muito mais o nosso vocabulário – concluiu Thalita, que recebeu uma homenagem de seu fã-clube. Em placas, ele escreveram uma das frases preferidas da autora: “não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”, do francês Jean Cocteau.

Fonte: Blog da Bienal do Rio – O Globo