Das lutas para as letras

Camilla Cahet

As crianças do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do município de Atalaia, embarcaram no

Crianças durante contação de história

universo da Literatura, neste domingo (23) durante a V Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Os pequenos, que fazem parte dos projetos Ciranda e Escola Itinerante, ouviram histórias, assistiram apresentações teatrais, participaram de oficinas e do lançamento livro do Movimento, “Nossa marcha, nossa casa, nossa vida”.

Cerca de 40 crianças do MST, entre 2 e 14 anos, participaram das atividades Bienal. “Eles estão se divertindo nesse mundo mágico da Literatura. É um ótimo momento para incentivar o prazer da leitura entre essas crianças”, conta a coordenadora pedagógica da Escola Itinerante, Marcela Nunes.

Para Cícera Roberta, de 11 anos, os melhores momentos da feira literária são os de contação de histórias e as apresentações teatrais. “Adorei a peça sobre a história da biblioteca. Não sabia que antigamente as pessoas que tinham livros eram consideradas tão importantes”, contou Roberta, que gosta ler aventuras. “Na escola, o livro que mais leio é Peter Pan. Gosto quando ele vai brigar com o Gancho”, destaca a pequena leitora.

Entretanto, a maioria das crianças, que participam dos projetos, não são como Roberta e apresentam dificuldades na leitura, como relata a professora da Escola Itinerante, Lieja dos Santos: “Eles copiam, mas não conseguem ler. As crianças só têm contato com a Literatura quando estão realizando as atividades dos projetos. Isso porque os pais, que geralmente são analfabetos, não estimulam o hábito da leitura. Mas na hora da contação de histórias, elas se empolgam, mostram interesse, curiosidade”, relata a professora.

Além da falta de estímulo dos pais, os projetos sofrem com a carência de obras literárias. A maioria das histórias contadas pelas professoras são retiradas de livros didáticos.

Projetos

O projeto Ciranda atende cerca de 70 crianças do acampamento, entre 1 ano e meio a 5 anos, oferecendo atividades pedagógicas, recreação e noção de higiene. Já a Escola Itinerante funciona como uma escola regular, acompanhando as crianças, entre 6 e 14 anos, nos deslocamentos do acampamento.